Você já parou para pensar de onde surgem as ideias dos estilistas que ditam as tendências da moda? De tudo o que eles veem e vivem, como o contexto histórico, os hábitos das pessoas, a cultura popular e o mundo das artes. Não por acaso, muita gente considera a própria moda um tipo de expressão artística.
De fato, alguns elementos, como peças de roupa clássicas ou “diferentonas”, bolsas de qualidade e acessórios de todos os tipos são formas de celebração do encontro da arte com a moda. São áreas que caminham juntas ao longo da história e, pelo que indicam as passarelas, devem continuar lado a lado.
Os próprios desenhos das peças são, por si só, expressões de arte. Muitos rascunhos e esboços acabam inspirando exposições, livros, filmes e outras obras. Mas, mais que isso, também não são incomuns parcerias e colaborações entre artistas e estilistas para criar roupas, sapatos e acessórios surpreendentes.
Além dos designers de peças que, claramente, remetem a obras famosas, também existem coleções que são inspiradas em características de movimentos artísticos: como o cubismo. Até mesmo estilos musicais, como a brasileiríssima tropicália, já viraram roupas, sapatos e acessórios.
Alguns exemplos clássicos
Exemplos não faltam. Na década de 1920, a icônica Coco Chanel chegou a trabalhar com o espanhol Pablo Picasso para desenhar figurinos e cenários para o Ballet Russe, de Sergei Diaghilev. Uma curiosidade dessa parceria é que, entre os muitos talentos de Picasso, estava o de ser dramaturgo.
Na década de 1930, a estilista italiana Elsa Schiaparelli, famosa por sua criatividade e irreverência, inspirou várias de suas peças em artistas de renome, como o inconfundível Salvador Dalí. Por exemplo, o inconfundível vestido lagosta, inspirado no famoso Telefone Lagosta, um ano depois.
O francês Yves Saint Laurent foi outro estilista que se inspirou em obras de arte famosas. Ele ganhou os holofotes, em 1960, ao desenhar um vestido tubinho inspirado na obra do artista Piet Mondrian, o criador do neoplasticismo. A peça ganhou até o nome do pintor holandês.
O Lago de Ninfeias, de Claude Monet, também inspirou um casaco de Saint Laurent. Já os quadros La gerbe e L’escargot, de Henri Matisse, viraram estampa de vestidos que, até hoje, dão nome a uma das linhas de grife de roupas e acessórios femininos e masculinos mais famosos da França.
Em 2012, a também francesa grife de luxo, Louis Vuitton, fez sucesso com a coleção “Infinitely Kusama”. Foram disponibilizadas roupas e acessórios com pontos e bolas, algumas marcas da artista plástica japonesa Yayoi Kusama, que ajudou a idealizar e assinou o trabalho.
Mais recentemente, em 2017, a Louis Vuitton lançou uma polêmica parceria com o artista americano Jeff Koons, que ficou famoso por aqueles cachorrinhos de balões. A coleção de bolsas foi inspirada na série “Gazing Ball”, em que ele reproduz obras de artistas como Van Gogh, Da Vinci, Ticiano, Rubens e Fragonard.
São tantos casos que a italiana Bianca Luini criou um Tumblr, o “Where I See Fashion”, onde ela coloca, lado a lado, imagens de peças de roupas e acessórios que foram inspirados em quadros, esculturas e objetos. “Eu vejo moda em todos os lugares e tudo na moda”, diz a descrição da página.
Estilo e polêmica
As peças citadas acima e quase todas as outras inspiradas em quadros e outras obras de arte costumam ser cheias de estilo e, por isso mesmo, dividir opiniões. Há quem ame e pague caro por modelos exclusivos, mas também há quem ache os itens um tanto estranhos. Vários deles dão o que falar na internet.