Fazer exame de vista em ótica pode ser útil, especialmente para ajustar o grau dos óculos. Contudo, não é um procedimento médico. Esse exame avalia apenas a acuidade visual, sem investigar doenças nos olhos, e não substitui uma consulta com um oftalmologista.
Se você já fez um “exame gratuito” em uma loja de óculos e ficou em dúvida sobre a segurança disso, ou está tentando economizar tempo e dinheiro, leia o texto até o final. Vamos explicar a diferença entre o atendimento da ótica e uma consulta médica, de forma clara e direta.
Por que tantas pessoas fazem exame de vista em óticas?
A verdade é que, em muitos casos, o acesso fácil e o custo zero levam muitas pessoas a procurar óticas para resolver problemas de visão. A promessa de um exame gratuito e com resultado na hora é atraente, especialmente quando os horários dos oftalmologistas estão lotados ou o paciente não sente sintomas graves.
Além disso, várias campanhas promocionais em óticas ligam diretamente o exame ao processo de troca de armações e lentes. Em um só atendimento, o cliente já sai com os óculos prontos. Isso é prático, mas esconde um problema importante: o foco não é na sua saúde visual, mas na venda dos produtos.
O que acontece em um exame de vista na ótica
O exame em óticas geralmente visa apenas identificar o grau dos seus óculos. É realizado por optometristas ou por técnicos treinados, que usam equipamentos como autorefratores e tabelas de letras, para medir sua acuidade visual.
Durante o exame, o profissional muda as lentes para encontrar a que proporciona melhor nitidez. No final, você recebe uma receita com os graus de miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia. Esses graus serão usados para fazer os óculos.
Porém, o mais importante não acontece nesse exame. Não há análise do fundo do olho, avaliação da retina, medição da pressão intraocular e, acima de tudo, não é feito diagnóstico médico. Isso significa que doenças oculares sérias podem não ser detectadas.
Mas o exame da ótica é totalmente inútil?
Não é assim. É importante reconhecer que esse tipo de exame tem utilidade específica. Ele pode ajudar quem já foi ao médico e só precisa confirmar ou ajustar o grau dos óculos. Também pode ser uma solução rápida para pessoas que perderam os óculos e precisam de um par novo até conseguir consultar um oftalmologista.
Contudo, esse exame deve ser visto apenas como uma medida emergencial ou complementar, nunca como um substituto para um atendimento médico.
Diferenças entre exame na ótica e consulta com oftalmologista
Para ficar mais claro, aqui está uma comparação prática entre os dois atendimentos:
- Profissional responsável: Exame na ótica é feito por técnico ou optometrista; consulta com oftalmologista é realizada por médico especializado.
- Diagnóstico de doenças: Em ótica, não é feito. No médico, é um diagnóstico completo.
- Exame do fundo do olho: Não feito na ótica, sim no médico.
- Avaliação da retina e mácula: Novamente, não é feito na ótica, mas sim no médico.
- Prescrição de medicamentos: Não permitido na ótica e liberado no médico.
- Cirurgias e tratamentos: Sem indicação na ótica; no médico, pode ser indicado ou realizado.
- Validade da receita: Receita da ótica é aceita apenas lá; do médico é válida em todo o sistema de saúde.
Riscos de confiar apenas no exame da ótica
É fundamental entender que diversos problemas oculares graves podem não afetar imediatamente a qualidade da visão. Assim, um teste de grau pode parecer “normal” mesmo quando algo está errado.
Por exemplo, o glaucoma é uma doença que não dói e pode não impactar a visão no início. Sem medir a pressão intraocular e examinar o nervo óptico, não há como detectá-lo. Quando os sintomas aparecem, pode já haver perda irreversível da visão periférica.
Outro exemplo é a retinopatia diabética. Se você tem diabetes e nunca foi ao oftalmologista, pode estar arriscando sérios problemas. O exame na ótica não detecta micro-hemorragias ou problemas nos vasos da retina.
A degeneração macular, que afeta a parte central da retina, causa distorções na visão. Só o exame com dilatação das pupilas e equipamentos adequados pode confirmar essa condição.
Tumores intraoculares e problemas neurológicos também podem não ser vistos em um exame básico na ótica e podem afetar gradualmente a visão.
O que os oftalmologistas falam sobre isso
Muitos médicos reconhecem o trabalho de optometristas em ajudar com óculos e lentes. No entanto, alertam que a saúde ocular não deve ser vista como um produto comercial.
Consulta apenas com exames simplificados, sem respaldo médico, pode atrasar diagnósticos precoces. Muitos só procuram um oftalmologista quando já estão com sintomas graves, como dor forte ou perda de visão. Nesses momentos, já pode ser tarde demais.
E se o exame da ótica parecer suficiente?
É normal sentir que “tá tudo tranquilo” depois de fazer um exame e sair com um novo par de óculos. Mas isso não significa que seus olhos estejam saudáveis. Lembre-se: ver bem não é sinônimo de enxergar com saúde.
A pessoa pode ter uma visão clareada por meio das lentes, mas ainda pode ter doenças em estágio inicial. É por isso que a consulta médica é tão vital. Ela vai além, examinando o que está por trás da sua capacidade de enxergar com clareza.
Casos onde o exame da ótica pode ser aceitável
Apesar das limitações, há situações em que um exame na ótica pode servir como apoio temporário. Veja:
- Você perdeu os óculos e precisa de um par provisório.
- Já consultou um oftalmologista recentemente e quer confirmar uma possível mudança no grau.
- Mora longe de um atendente médico e está esperando por uma vaga.
- Precisa de óculos de emergência.
Mesmo nessas situações, é fundamental agendar uma consulta com o oftalmologista o quanto antes. O exame na ótica pode atender a uma necessidade imediata, mas não é uma solução duradoura.
Dicas para cuidar da visão com responsabilidade
Para manter os olhos saudáveis, siga estas orientações:
- Consulte um oftalmologista ao menos uma vez por ano.
- Não dependa só de exames de óticas.
- Leve seus óculos antigos e receitas anteriores quando for ao médico.
- Anote sintomas como dor de cabeça, sensibilidade à luz e visão borrada.
- Comunique se tem doenças como diabetes ou história familiar de glaucoma.
- Não use colírios sem receita médica.
- Proteja seus olhos da exposição excessiva a telas e sol.
Considerações finais
Fazer exame de vista em ótica pode ser prático e rápido. Às vezes ajuda na hora de ajustar o grau. Mas é crucial entender que esse atendimento não tem valor clínico completo e não substitui a consulta com um oftalmologista.
A saúde ocular requer mais do que enxergar bem. Ela demanda exames médicos profundos, prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo.
Se você deseja realmente proteger sua visão, busque um oftalmologista. Seus olhos merecem esse cuidado.
