Sim, a senha era “Louvre”. Esse foi o resultado de uma auditoria feita em um dos museus mais icônicos do mundo, o Museu do Louvre, em Paris. A pesquisa revelou que o museu usava senhas fracas e softwares desatualizados, colocando em risco seu vasto acervo de arte.
O Relatório
Essa situação veio à tona depois que o jornal francês Libération publicou um relatório confidencial. Nele, foi mostrado que o sistema de segurança do Louvre utilizava senhas simples, como “Louvre” e “THALES”. Esta última se refere à empresa que forneceu parte da infraestrutura tecnológica. O relatório revelou uma série de problemas que se acumularam ao longo de pelo menos dez anos. Um dos pontos revelados é que o museu operava com softwares de segurança comprados em 2003 e que nunca foram atualizados.
O principal software, chamado Sathi, é responsável pela supervisão das câmeras de segurança e pelo controle de acesso dos funcionários. O problema é que esse sistema foi abandonado pela fabricante há mais de seis anos. Sem atualizações e manutenção, ele não oferecia proteção adequada. Essa falta de cuidado levantou sérias preocupações sobre a segurança do lugar.
O Elo entre a Falha e o Roubo
As falhas de segurança chamaram ainda mais atenção após o roubo de joias da coroa, que aconteceu no dia 19 de outubro. Segundo autoridades do governo francês, as vulnerabilidades no sistema podem ter facilitado a ação dos criminosos. A ministra da Cultura, Rachida Dati, reconheceu que a segurança do museu estava muito abaixo dos padrões mínimos esperados. Durante os testes feitos na auditoria, especialistas em cibersegurança conseguiram invadir a rede do Louvre usando computadores comuns. Eles conseguiram manipular as câmeras e até gerar crachás falsos para entrar em áreas restritas.
Um Descuidado Digital de Milhões
Para um museu que abriga obras de grande valor, como a Mona Lisa e a Vênus de Milo, as notícias foram alarmantes. Um analista destacou que se tratava de um “erro básico de segurança cibernética” em uma das instituições culturais mais monitoradas do mundo. O uso de senhas simples é uma falha básica, que pode ser facilmente explorada por hackers ou até mesmo por invasores amadores.
De acordo com a Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França, a equipe de tecnologia do Louvre falhou em seguir recomendações básicas de proteção. A auditoria constatou que os dados de acesso eram compartilhados entre vários terminais, e nenhuma política de troca regular de senhas estava em prática.
Pressão Política e Investigação em Curso
Após a divulgação do escândalo, quatro pessoas foram presas, suspeitas de participação no roubo. As autoridades acreditam que esse grupo não tinha conhecimentos técnicos avançados, reforçando a ideia de que as falhas no sistema facilitaram a ação criminosa. O governo francês agora está conduzindo uma investigação adicional para apurar responsabilidades administrativas. Além disso, o Ministério da Cultura criou uma força-tarefa com o objetivo de modernizar os sistemas de segurança e implantar novos protocolos digitais em todos os museus.
Essa força-tarefa prevê a substituição total do software Sathi e a adoção de métodos de autenticação mais seguros, como a autenticação multifatorial.
Um Museu do Passado em Plena Era Digital
O caso do Louvre expõe um paradoxo: o maior museu do mundo, símbolo de arte e história, funcionava com tecnologia antiquada. A situação trouxe à tona a discussão sobre a cibersegurança em instituições culturais. Muitos locais que guardam valiosos tesouros artísticos frequentemente não recebem os investimentos adequados em tecnologia. Um especialista francês apontou que a negligência não é uma exclusividade do Louvre.
Ele ressaltou que vários museus na Europa ainda utilizam sistemas de segurança que foram criados há mais de vinte anos. Embora a digitalização dos patrimônios culturais tenha avançado bastante, a segurança digital não acompanhou essa evolução.
Um Alerta Global
O desdobramento desse caso reverberou no cenário internacional. Outras instituições, como o British Museum e o Metropolitan Museum of Art, se pronunciaram e anunciaram que estão revisando seus protocolos internos como resposta ao ocorrido no Louvre. Um comunicado recente destacou que “nem o Louvre está livre da vulnerabilidade humana”, reforçando a importância de uma vigilância constante nos sistemas de segurança.
Dessa forma, o episódio do Louvre não é apenas uma questão interna. Ele serve como um alerta global para instituições culturais em todo o mundo, evidenciando a necessidade de melhorias nas práticas de segurança digital e na proteção de acervos valiosos.
